Banda Calypso: você precisa reconhecer que eles sabem fazer negócios!

Banda Calypso: você precisa reconhecer que eles sabem fazer negócios

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Banda já vendeu mais de 15 milhões de discos
Até a popularização da internet, era praticamente impossível fazer sucesso nacionalmente na música sem ser parte do intricado e restrito esquema de mídia que envolvia gravadoras, rádios e emissoras de televisão. Para os artistas que viviam fora do eixo Rio/São Paulo, então, essa era uma missão ainda mais homérica. Tanto é que 99,99% dos cantores e bandas do Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte que se destacaram até então acabaram se sediando em um dos dois grandes centros. Até mesmo no caso de grupos de cenas consolidadas – como os roqueiros de Brasília – muitos tinham bases estabelecidas no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
No final dos anos 1990, início dos anos 2000, o Brasil tinha cerca de 2 milhões de pessoas conectadas à internet. No censo de 2000, a população do Brasil era de 169 milhões de pessoas. Ou seja, apenas pouco mais de 1% da população tinha acesso à rede. Por mais que alguma coisa viralizasse naquela época, continuaria sendo uma ilustre desconhecida. Como furar o esquema, então?
A cena paraense é especialista nisso. Na verdade, no Norte e Nordeste, grupos locais descobriram que criar seus próprios esquemas era a única maneira de fazer seus trabalhos circularem. Eles, então, desenharam e colocaram em funcionamento seus próprios mercados. Em Belém/PA, os artistas aprenderam a colocar a mão na massa e assumiram todo o processo de seu showbusiness. Até hoje, os shows, as gravações a distribuição e o marketing são feitos de maneira alternativa, pelos próprios artistas (pelo menos no caso dos que ainda não explodiram nacionalmente). Gaby Amarantos é um dos expoentes dessa cena e já foi tema de uma matéria aqui no Administradores.com também.
No Nordeste, as primeiras bandas de forró estilizado, que estouraram regionalmente nos anos 1990, hoje são comandadas por empresários que também são donos de rádios. Embora crie-se aí um novo monopólio, pela primeira vez as rádios da região começaram a executar mais músicas produzidas por lá do que no eixo Rio/São Paulo e internacionais.
Foi entre esses dois contextos que surgiu a banda Calypso. Paraense de nascimento, conseguiu espalhar sua música pelo Norte e Nordeste rapidamente, com um esquema próprio de distribuição de CDs e DVDs. Sem gravadora, a banda conseguiu atingir a impressionante marca de 10 milhões de discos vendidos, sem sede no Sudeste (o escritório da banda, salvo engano, fica em Recife/PE), numa época em que a indústria fonográfica começava a entrar no período mais grave de sua crise, que ainda hoje perdura.
Por venderem CDs e DVDs sem a necessidade de intermediários, eles conseguiam vender mais barato e, assim, fazer sua música circular mais facilmente. Com os discos na praça, conseguiam mais shows, onde vendiam mais CDs e DVDs, sempre com encartes mais simples e baratos. No começo da carreira, Joelma e Chimbinha também iam pessoalmente, de porta em porta de rádios, pedir espaço para suas músicas.
Em 2014, a banda completa 15 anos. Já passou no teste dos 15 minutos de fama e provou que não foi só mais um hit passageiro (manter-se em alta no mercado musical, como em praticamente todas as outras áreas, é um desafio maior do que conseguir emplacar um primeiro sucesso).
Nesse período, a banda lançou 21 CDs, 7 DVDs e ganhou prêmios importantes da música brasileira, indicações ao Grammy, fez trilhas sonoras de filmes, seriados e novelas, turnês nacionais, internacionais (Europa, EUA e África) e vendeu mais de 15 milhões de discos. Além disso, Calypso é o único grupo brasileiro que possui o prêmio Diamante Quíntuplo pela venda de 500 mil cópias do DVD ‘Calypso pelo Brasil’ no período de duas semanas. E um dado curioso é que, mesmo com todo esse sucesso depois que conseguiu uma gravadora, a banda garante que vendeu mais discos quando era independente.
Você pode até não gostar dos gritos de Joelma ou da guitarra aguda de Chimbinha. Mas tem que reconhecer que eles sabem fazer negócios como poucos.

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